quarta-feira, 27 de março de 2013

O fantástico mundo das histórias em quadrinhos


A escrita deve ter significado para as crianças, uma necessidade intrínseca deve ser despertada nelas e a escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida. Só então poderemos estar certos de que ela se desenvolverá não como hábito de mão e dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem.” (Vygotsky)


Pode-se considerar que as histórias em quadrinhos associam imagens, textos e são carregadas se significados. Mesmo que a criança não domine a leitura formal, elas são capazes de entender seu significado e, aqueles que apresentam dificuldade, podem avançar rapidamente, tal situação, dá as crianças, a sensação de que são leitoras, o que possibilita avanço significativo no processo de aprendizagem.
O aluno certamente percebe o contexto da história de modo mais fácil a partir do quadrinho, pois ali ele vê o personagem, o cenário e as roupas, o que torna este contexto significativo, diferente do que é ao propor a leitura de uma grande quantidade de palavras que seriam necessárias para dizer a mesma coisa que o desenho mostra.
Neste momento a criança se sente valorizada e estimulada, procurando saber cada vez mais, o que influencia positivamente em suas experiências com o texto escrito.
No decorrer deste processo, o professor deve ser aquele que viabiliza as situações para instigar os alunos, permitindo-lhes que constatem os significados e os transformem.
A partir daí, os alunos descobrem significados apresentados pelo autor, podendo reconstruir ou recriar estas ideias, produzindo novos textos e conhecimentos.
Parte-se então de algo que a criança valoriza e que a atrai principalmente pela qualidade visual, utilizando-se do plano de imagens, o que encanta as crianças. Assim, a iniciação ao mundo da escrita se faz considerando as experiências e vivências de cada criança.
Muitos estudos comprovam que a criança tem mais facilidade em aprender com aquilo que lhes desperta maior interesse, devendo então o professor, proporcionar experiências que as estimule diariamente, como o uso das histórias em quadrinhos.
Baseado nas premissas anteriores propõe-se um trabalho voltado ao uso e posterior construção de histórias em quadrinhos. Para isto, além dos gibis impressos, dos mais diferentes títulos e personagens, também será um recurso muito utilizado, o software HagáQuê, um software gratuito criado pela Unicamp que permite o uso de seus próprios recursos de imagem, bem como utilizar um banco de imagens do próprio usuário, não limitando assim, a criatividade da criança no que diz respeito aos cenários ou possibilidade de história a criar.
A associação de imagens aos textos é de fundamental importância, uma vez que aumenta o poder de concentração e atenção.
As histórias em quadrinhos associam de modo significativo, imagens e textos, o que vêm a ser confirmado por Kaufman, que diz que muitas vezes, as histórias em quadrinhos são humorísticas, têm como intenção provocar o riso> pra isso utilizam recursos linguísticos e icnográficos (desenhos), que alteram ou quebram a ordem natural dos acontecimentos.
Os principais objetivos do trabalho sugerido são:
- Escrever textos dos gêneros previstos para o ciclo, utilizando a escrita alfabética e preocupando-se com a forma ortográfica;
- Considerar a necessidade das várias versões que a produção do texto escrito requer, empenhando-se em produzi-las com ajuda do professor.
- Conhecer e respeitar as diferentes variedades linguísticas da Língua Portuguesa.
- Valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessário;
Sugere-se iniciar este encaminhamento com a escolha de uma história em quadrinho da qual o professor fará a leitura para seus alunos. É aconselhável que os alunos tenham em mãos uma copia desta história para que possam acompanhar a leitura. É bom deixar aos alunos, que eles devem acompanhar a leitura também no que diz respeito as expressões dos personagens, suas roupas, cenários, entre outros fatores presentes na história e que sejam de grande relevância no momento.
Antes da leitura, mas já de posse das cópias, é interessante perguntar às crianças se conhecem os personagens, o que acham que passa na história olhando apenas as imagens da mesma.
Durante a leitura realizada pelo professor, indique às crianças qual balão está sendo lido, a diferença de entonação dada a cada balão quando há diferença entre seu formato ou descontinuidade de suas linhas, alertando sempre aos alunos para tal fato, para que compreendam qual seria a entonação do personagem durante a conversa exposta na história.
Outra questão que pode ser levantada junto aos alunos, refere-se ao que os personagens podem estar sentindo, observando apenas suas expressões faciais, que deixam transparecer diferentes emoções, como alegria, raiva, tristeza...
Feitas algumas leituras como estas para os alunos, estes devem ser divididos em equipes, as quais deverão construir uma nova história em quadrinho, utilizando ou não, os mesmos personagens das quais o professor realizou a leitura.
Importante atentar para o fato de que os alunos procurem transmitir em suas histórias diálogos que representem os sentimentos tal qual viram nas histórias lidas anteriormente.
Escrita a história (que, conforme a necessidade do grupo de alunos, pode ter o professor como escriba), os alunos devem ser levados ao laboratório de informática, para que, após a apresentação e explicação de como funciona o software (seus principais botões e ações e funções), transcrevam suas história utilizando o HagáQuê. Se necessário, é possível permitir que os alunos desenhem os cenários pretendidos, fotografá-los ou scaneá-los e na sequência usá-los no software, que permite o upload de diversas imagens, desde que no formato JPG.
As histórias criadas pelos alunos podem ser impressas posteriormente, formando assim, um único livro das histórias da turma.
A exposição de dos livros, ou histórias de forma isolada, propiciará ainda maior interesse dos alunos, uma vez que não apenas seus colegas estão conhecendo sua produção, mas a comunidade de forma geral.
A avaliação será realizada desde o momento da leitura para as crianças, observando o grau de interesse, o acompanhamento da leitura, as questões que por ventura surgirem no decorrer da mesma, a colaboração no momento da criação da história coletiva, o uso do software (facilidade ou restrições de uso), até a conclusão da atividade.