“A escrita deve ter
significado para as crianças, uma necessidade intrínseca deve ser
despertada nelas e a escrita deve ser incorporada a uma tarefa
necessária e relevante para a vida. Só então poderemos estar
certos de que ela se desenvolverá não como hábito de mão e
dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem.” (Vygotsky)
Pode-se considerar que as
histórias em quadrinhos associam imagens, textos e são carregadas
se significados. Mesmo que a criança não domine a leitura formal,
elas são capazes de entender seu significado e, aqueles que
apresentam dificuldade, podem avançar rapidamente, tal situação,
dá as crianças, a sensação de que são leitoras, o que
possibilita avanço significativo no processo de aprendizagem.
O aluno certamente percebe o
contexto da história de modo mais fácil a partir do quadrinho, pois
ali ele vê o personagem, o cenário e as roupas, o que torna este
contexto significativo, diferente do que é ao propor a leitura de
uma grande quantidade de palavras que seriam necessárias para dizer
a mesma coisa que o desenho mostra.
Neste momento a criança se
sente valorizada e estimulada, procurando saber cada vez mais, o que
influencia positivamente em suas experiências com o texto escrito.
No decorrer deste processo, o
professor deve ser aquele que viabiliza as situações para instigar
os alunos, permitindo-lhes que constatem os significados e os
transformem.
A partir daí, os alunos
descobrem significados apresentados pelo autor, podendo reconstruir
ou recriar estas ideias, produzindo novos textos e conhecimentos.
Parte-se então de algo que a
criança valoriza e que a atrai principalmente pela qualidade visual,
utilizando-se do plano de imagens, o que encanta as crianças. Assim,
a iniciação ao mundo da escrita se faz considerando as experiências
e vivências de cada criança.
Muitos estudos comprovam que a
criança tem mais facilidade em aprender com aquilo que lhes desperta
maior interesse, devendo então o professor, proporcionar
experiências que as estimule diariamente, como o uso das histórias
em quadrinhos.
Baseado nas premissas
anteriores propõe-se um trabalho voltado ao uso e posterior
construção de histórias em quadrinhos. Para isto, além dos gibis
impressos, dos mais diferentes títulos e personagens, também será
um recurso muito utilizado, o software HagáQuê, um software
gratuito criado pela Unicamp que permite o uso de seus próprios
recursos de imagem, bem como utilizar um banco de imagens do próprio
usuário, não limitando assim, a criatividade da criança no que diz
respeito aos cenários ou possibilidade de história a criar.
A associação de imagens aos
textos é de fundamental importância, uma vez que aumenta o poder de
concentração e atenção.
As histórias em quadrinhos
associam de modo significativo, imagens e textos, o que vêm a ser
confirmado por Kaufman, que diz que muitas vezes, as histórias em
quadrinhos são humorísticas, têm como intenção provocar o riso>
pra isso utilizam recursos linguísticos e icnográficos (desenhos),
que alteram ou quebram a ordem natural dos acontecimentos.
Os principais objetivos do
trabalho sugerido são:
- Escrever textos dos gêneros
previstos para o ciclo, utilizando a escrita alfabética e
preocupando-se com a forma ortográfica;
- Considerar a necessidade das
várias versões que a produção do texto escrito requer,
empenhando-se em produzi-las com ajuda do professor.
- Conhecer e respeitar as
diferentes variedades linguísticas da Língua Portuguesa.
- Valer-se da linguagem para
melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de
expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem
como de acolher, interpretar e considerar os dos outros,
contrapondo-os quando necessário;
Sugere-se iniciar este
encaminhamento com a escolha de uma história em quadrinho da qual o
professor fará a leitura para seus alunos. É aconselhável que os
alunos tenham em mãos uma copia desta história para que possam
acompanhar a leitura. É bom deixar aos alunos, que eles devem
acompanhar a leitura também no que diz respeito as expressões dos
personagens, suas roupas, cenários, entre outros fatores presentes
na história e que sejam de grande relevância no momento.
Antes da leitura, mas já de
posse das cópias, é interessante perguntar às crianças se
conhecem os personagens, o que acham que passa na história olhando
apenas as imagens da mesma.
Durante a leitura realizada
pelo professor, indique às crianças qual balão está sendo lido, a
diferença de entonação dada a cada balão quando há diferença
entre seu formato ou descontinuidade de suas linhas, alertando sempre
aos alunos para tal fato, para que compreendam qual seria a entonação
do personagem durante a conversa exposta na história.
Outra questão que pode ser
levantada junto aos alunos, refere-se ao que os personagens podem
estar sentindo, observando apenas suas expressões faciais, que
deixam transparecer diferentes emoções, como alegria, raiva,
tristeza...
Feitas algumas leituras como
estas para os alunos, estes devem ser divididos em equipes, as quais
deverão construir uma nova história em quadrinho, utilizando ou
não, os mesmos personagens das quais o professor realizou a leitura.
Importante atentar para o fato
de que os alunos procurem transmitir em suas histórias diálogos que
representem os sentimentos tal qual viram nas histórias lidas
anteriormente.
Escrita a história (que,
conforme a necessidade do grupo de alunos, pode ter o professor como
escriba), os alunos devem ser levados ao laboratório de informática,
para que, após a apresentação e explicação de como funciona o
software (seus principais botões e ações e funções), transcrevam
suas história utilizando o HagáQuê. Se necessário, é possível
permitir que os alunos desenhem os cenários pretendidos,
fotografá-los ou scaneá-los e na sequência usá-los no software,
que permite o upload de diversas imagens, desde que no formato JPG.
As histórias criadas pelos
alunos podem ser impressas posteriormente, formando assim, um único
livro das histórias da turma.
A exposição de dos livros,
ou histórias de forma isolada, propiciará ainda maior interesse dos
alunos, uma vez que não apenas seus colegas estão conhecendo sua
produção, mas a comunidade de forma geral.
A avaliação será realizada
desde o momento da leitura para as crianças, observando o grau de
interesse, o acompanhamento da leitura, as questões que por ventura
surgirem no decorrer da mesma, a colaboração no momento da criação
da história coletiva, o uso do software (facilidade ou restrições
de uso), até a conclusão da atividade.